Uma pílula de coragem para relacionamentos com base na ética das virtudes

Percebo que no contexto contemporâneo as relações humanas estão predominantemente centradas no hedonismo. As pessoas costumam se relacionam quando encontram prazeres e bem-estar próprio em primeiro lugar. Essa instrumentalização emotiva foi exposta por Zygmunt Bauman, em seu livro “Amor Líquido”, no qual as relações deixam de ser uma construção do “nós” e passam a ser um culto dos “eu’s”. Numa paráfrase desse autor: “Me serve, então está bom. Não me serve, então troco. Afinal, vivemos num mundo globalizado, enorme, conectado, descartável…alguém há de me satisfazer sem me exigir sacrifícios.”

Nesse contexto, desejo vender uma pílula da virtude coragem para os relacionamentos, na esperança que sejam plenos e longevos. Que tal o seguinte farmacêutico hipotético:

Será prescrito para duas situações: 1) Covardia da segurança aguda e 2) febre de temeridade-vanglória.

Seu princípio ativo é a coragem, um meio-termo que se afasta por um lado da covardia, por outra da prepotência, é a justa medida entre os extremos. Ele

age com duplo efeito no combate ao medo e a soberba, encontrando o equilíbrio.

A posologia é livre. Ele deve ser tomado sempre que necessário ordenamento das emoções. Importante ressaltar que não se cancela o “frio na barriga” das decisões importantes, mas sim gera a reflexão, fornecendo bases de coragem para uma ação virtuosa.

Os testes hipotéticos do farmacêutico realizados pelo filósofo Soren Kierkegaard resultaram no efeito colateral chamado “salto no escuro”. A vida não nos dá garantias, ela sempre vai exigir um salto de fé. Então tenha coragem e escolha relacionamentos virtuosos, mesmo que não existam garantias. Tome sua dose de coragem e pule!

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